A
palestra foi ministrada pela médica Martha Morett, uma seguidora do método
Pikler. A pediatra alergista e pós graduanda em Psiquiatria para a Infância e
Adolescência e Psicanálise com bebês, abordou aos participantes tudo o que
envolve o ‘código do cuidado’. Durante sua explanação, ela mostrou aos
profissionais que trabalham com crianças de 0 a 11 anos e 11 meses, que o bebê
sozinho não existe, significando dizer que ele precisa de segurança afetiva, ou
seja, de vínculo para tornar-se um sujeito, um alguém.
A
pediatra discorreu ainda, sobre as bases do código de cuidado e subtemas
relacionados tais como: A segurança afetiva ou vínculo, o toque, o olhar atento
e a observação suave dos momentos de cuidado, explicando sobre o nascimento, a
primeira crise, o trauma do parto, quando o bebê se depara com a luz, o frio, a
dor, respiração, choro, além dos movimentos da plenitude do bebê, como o
alimento-prazer, o acolhimento-segurança e a tranquilidade-sons filtrados. Ela
enfatizou que a vida psíquica do bebê depende do tato (toque), olfato (cheiro
da mãe), paladar (peito ou leite), audição (sons familiares) e visão (a dobra
do olhar).
-
Temos que ensinar as pessoas que a criança precisa ser cuidada de modo a
desenvolver-se como indivíduo, como pessoa. Então, esse código é a maneira de
como os adultos vão cuidar desse bebê, através do toque, do olhar, do ouvir e
também dos cuidados básicos que a criança precisa de dar banho, trocar fralda e
de alimentar, de forma que a criança se sinta amada e sinta que ela importa
para aquele adulto. A criança sendo amada se torna um adulto saudável não só
emocionalmente, mas do ponto de vista intelectual e sólido. E sendo um adulto
sólido, será uma pessoa produtiva, que vai entrar no mercado de trabalho e que
vai formar família saudável -, definiu Moreth.
A
coordenadora do Cemaia I, Camila Saraiva Goulart afirmou que os profissionais do
serviço de acolhimento, que atuam diretamente no cuidado com a criança precisam
ser constantemente qualificados, tendo em vista a complexidade da demanda.
-
A capacitação contínua é necessária porque somos profissionais que atuamos
diretamente com demandas complexas, nas situações em que os direitos das
crianças são gravemente desrespeitados, negligenciados, fazendo com que a
retirada do convívio familiar apresente-se como a melhor medida de proteção a
ser aplicada, naquele momento. Quando
ocorre a retirada dessa criança, desse bebê, há um processo de ruptura em suas
vidas. E nós, precisamos estar aptos a melhor acolhê-las, a auxiliá-los na
superação da violência sofrida. Neste sentido, o afeto, a fala, o olhar, o
toque, o carinho, a escuta, o cuidado afetivo, são partes de estratégias
fundamentais que devem ser utilizadas para a superação da vivência da violência
sofrida. Sem dúvidas, isso impactará positivamente na constituição e formação
na vida desse público tão especial e peculiar -, assegurou, acrescentando que
na próxima sexta-feira (13), será a vez do grupo de servidores que hoje ficaram
no plantão, se aperfeiçoarem.
Para
a orientadora social, Luciane Freitas, de 57 anos e que já trabalha no Cemaia
há quase cinco anos, o aprendizado foi muito bom. “Olha a gente aprendeu aqui
bastante coisa e a aula é envolvente para nós que lidamos com os bebês e as
crianças que chegam no acolhimento”, disse.
Método Pikler - No final da capacitação Morett contou aos participantes porque segue o método Pikler. “No final da segunda guerra mundial, a Hungria estava devastada e haviam muitos órfãos no país. Foi quando a Dra. Emmi Pikler foi chamada para dirigir um orfanato com bebês de 0 a 3 anos. Lá, ela com toda sua experiência como pediatra de família, decidiu implementar os mesmos cuidados àqueles bebês que ela orientava aos pais dos seus pacientes. Apesar de sofrer resistência por parte do sistema e das enfermeiras do abrigo que não consideravam os bebês como sujeitos de necessidades de afeto, respeito e vínculo, Dra Emmi Pikler estava muito confiante nesta abordagem que promovia um olhar sensível e detalhado a todos os bebês e era a decisão mais acertada para aquela situação adversa. O resultado foi mais do que extraordinário: Todos os bebês do Abrigo Lóczy se tornaram adultos sólidos sem qualquer doença mental. Dra Emmi Pikler foi pioneira e ainda hoje, sua abordagem é estudada e divulgada por profissionais de várias áreas como educação e saúde”.
Sobre
o Cemaia I – O Cemaia I, localizado no bairro da Virgem Santa, é ligado à
coordenação de Proteção Social Especial de Alta Complexidade. Como instituição
municipal é responsável pelo acolhimento provisório de crianças de 0 a 11 anos
e 11 meses e funciona 24 horas, durante toda a semana. Seu objetivo como
acolhimento institucional é promover a reintegração das crianças às suas
famílias ou inseri-las em famílias substitutas, um trabalho que envolve o
Conselho Tutelar, o Poder Judiciário, o Governo Municipal e, em casos que o
Ministério Público busca alternativas como a adoção.
__________________________________
Comunicação
Desenvolvimento Social
Jornalista
Lourdes Acosta – DRT/MTE 911 MA.
Macaé 07/05/2022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário