Vi
uma postagem de um irmão que diz o seguinte: “Foi eleito pela vontade do povo”,
referindo-se a um candidato do pequeno município em que ele se encontrava e ou/
trabalhou na campanha. Sim, é a vontade do povo que elege os seus
representantes em cada cidade brasileira. Se eleger bem colherá os frutos das
melhores políticas públicas destinadas ao desenvolvimento socioeconômico e
ambiental do município pelos próximos quatro anos, porém, se escolher mal
também obterá todos os bônus das ações de um mal administrador dos recursos
públicos que não saberá conduzir com responsabilidade os bens e serviços como a
proteção do patrimônio histórico-cultural, pavimentação de ruas, garantia do
bom funcionamento do transporte público e o trânsito urbano, prover de creches,
pré-escolas e o ensino fundamental, e manter a atenção primária ao atendimento
de saúde, entre outros.
Bem
a propósito, essa reflexão me remeteu a uma realidade aqui bem próxima.
Trata-se de uma cidade pequena que foi desmembrada de Macaé e que, desde a sua
emancipação político-administrativa (1995) sofre, há 25 anos, com o descaso
público. Entra prefeito e sai prefeito e a cidade permanece como um ponto de
parada do transporte intermunicipal entre Macaé e Quissamã. Sim, essa cidade é
Carapebus!
A
história da cidade conta que após sua emancipação político-administrativa, decretada pela Lei Estadual n°
2.417, de 19 de julho de 1995, o primeiro prefeito eleito de Carapebus foi
Eduardo Nunes Cordeiro, que tomou posse em 1 de janeiro de 1997. De lá para cá
e como acontece em grande parte da maioria dos municípios, o poder público
municipal trocou de mãos algumas vezes, no entanto, as dinastias oligárquicas insistem
em querer permanecer e quando não passam de pai para filhos, passam para esposos
para esposas.
O próprio Cordeiro reinou em dois mandatos
seguidos (de 1997 a 2004), em seguida Rubem Vicente administrou de 2005 a 2008.
Depois o presidente da Câmara, Sebastião Bessa ficou por um ano e meio no
governo municipal. Houve novas eleições e Amaro dos Santos foi eleito,
permanecendo de 2010 a 2016, e, por último, Christiane Cordeiro (esposa de
Eduardo Cordeiro), assumiu o mandato em 2017, que finda agora em 2020. Ela,
inclusive lançou-se candidata neste último pleito (2020) e obteve a maioria dos
votos, mas, seus votos não foram validados porque a atual prefeita está ‘sub
judice’ e aguarda decisão da Justiça Eleitoral. Isso poderá ocasionar a realização de um pleito suplementar... Quanto ao seu
esposo que recentemente estava no comando da secretaria de governo, foi
afastado da função. Ele foi
condenado por ato de improbidade administrativa quando era prefeito do
município, no caso de desvio de verbas para execução do Programa Morar Melhor –
Saneamento Básico.
Percebe-se, no caso específico de Carapebus, que
além de algumas práticas corruptivas e sede do poder por parte de algumas
famílias, até houve alternância no poder, mas a cidade parou de crescer nos
últimos 16 anos. Os serviços públicos estagnaram e o que se vê é a Prefeitura
como maior empregador, comprometendo inclusive a folha de pagamento mensal que,
nestes últimos três meses, não pagou os salários dos seus servidores. Sem
contar que a saúde não funciona, a cidade não tem transporte coletivo, os
serviços de saneamento inexistem, não há boas creches, entre tantos problemas
básicos de uma cidade com mais de 16 mil habitantes.
De fato, a escolha é do povo... Cada cidadão é
soberano em suas decisões e se utilizar seu voto para eleger corrupto irá
permanecer com sua cidade na mesmice, sem o crescimento devido. Agora, se
utilizar seu voto elegendo políticos de ficha limpa e representantes de uma conduta
aceitável que existem em todos os campos políticos (basta procurar), o próprio
cidadão pode fazer com que o Poder Executivo deslanche o desenvolvimento de sua
cidade. Por isso, é preciso dizer não ao voto comprado pelo político corrupto
que oferece vantagens passageiras, com o fim de perpetuar no poder e que não se
preocupa em buscar os benefícios para todos. O voto sempre foi e será a grande
arma do povo para mudar a política e os rumos de um município. Se usar bem irá
usufruir dos lucros (leia-se desenvolvimento socioeconômico e ambiental) se
usar mal irá amargar um retrocesso por anos a fio. É você quem escolhe... E
Carapebus escolheu o continuísmo!!!
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Jornalista Lourdes Acosta
DRT/MTE 911/MA.
Macaé, 16/11/2020.