Com
o isolamento social, medida necessária para conter o avanço da COVID-19 no
Brasil, muitas crianças e adolescentes ficaram ainda mais vulneráveis e
expostos à diversas violências e, sem contato com demais familiares,
profissionais de educação e outros adultos, a identificação de situações de
abuso sexual ficou ainda mais difícil. Dados recentes da Fundação Abrinq
mostram que mais de 80% dos casos de violência sexual contra crianças e
adolescentes acontecem na casa da vítima. Em 78,7% das notificações, o agressor
era uma pessoa de confiança da família.
Com
o aumento da violência sexual em crianças e adolescentes durante a pandemia,
muitas manifestações educativas e de conscientização estão sendo preparadas, em
todo o Brasil, principalmente neste mês de maio, dedicado à campanha de combate
ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes.
Em
Macaé, não é diferente. Uma iniciativa de cunho educativo será lançada no próximo
dia 18 - Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes. O objetivo é alertar, sensibilizar e conscientizar a sociedade
quanto à importância de se proteger a infância e adolescência do abuso sexual.
A consultora de Direitos Humanos de crianças e adolescentes e ex-conselheira
tutelar, Vivianni Acosta, preparou 10 episódios sobre o assunto, em forma de
Podcasts.
De
acordo com a consultora, o Dia Nacional de Combate serve de alerta aos pais,
aos responsáveis, à população, à rede de proteção e a todo o sistema de
garantia de direitos, para ficarmos atentos às situações de abusos e
explorações.
–
Estamos finalizando a edição dos 10 Podcasts e o primeiro será lançado na
próxima terça-feira (18), às 19h. O seriado começa na
Anchor.fm/vivianni-acosta8 e está sendo programado nas melhores plataformas do
Brasil, como a Spotify,
Apple, Breaker, Podcasts, Castbox, Overcast, Pocket Cast, Rádio Public, Google Podcasts e Yuotube para trazer à tona temas de grande importância no combate à
exploração sexual em crianças e adolescentes, sempre às terças e quintas-feiras
–, anunciou a consultora, ressaltando que a live terá a presença de autoridades
no assunto, tais como o delegado Sandro Caldeira e o Promotor de Justiça Dr.
Casé Fortes, além de outros consultores dos direitos humanos de crianças e
adolescentes.
Dentre
os temas abordados que estão sendo chamado de episódios “Caso a caso” são os
seguintes: “Ansiedade e os gatilhos emocionais”; “Educação – Desafios e
dificuldades nas aulas online”; “Adolescente na delegacia”; “Violência infantil
e direitos humanos”; “Proteção para os defensores dos direitos humanos”;
“Trabalho infantil”; “Com a palavra o Conselho Tutelar”; “Políticas públicas
para a infância”; “Abuso sexual e as novas leis” e, “Rede de Proteção”.
Sua
experiência como ex-conselheira tutelar e o trabalho que desenvolveu na
secretaria da Presidência da República, em Brasília, subsidiaram o conhecimento
sobre o tema. Ela garante que a maioria dos casos de violência sexual em
crianças e adolescentes é ocasionada por pessoas da mesma família e revela
outro fator que dificulta o processo de acompanhamento de alguns casos - o
sentimento desenvolvido pela vítima com o agressor. “Podemos dizer que 80% dos
casos de pedofilia acontecem na mesma família. Então, já existe o laço afetivo,
porém, em diversas situações, as meninas se apaixonam pelo pedófilo, ou têm
medo dele, dificultando o acompanhamento dessas crianças”.
Por
isso, é extremamente importante que toda a sociedade fique atenta ao
comportamento das crianças e denuncie qualquer suspeita de violência sexual. É
preciso ficar de olho no comportamento das crianças e conhecer alguns sinais
que podem ajudar a identificar se uma criança sofre ou sofreu violência sexual,
tais como: A criança está agressiva, irritada ou machuca o próprio corpo;
Apresenta brincadeiras sexuais inadequadas e que não são próprias para a idade;
Apresenta marcas de agressão ou machucados, tem dificuldade de andar ou sentar;
Está desatenta ou desinteressada nas atividades da escola e brincadeiras; Está
muito quieta, triste, medrosa ou chorosa; Evita ir para alguns lugares ou
encontrar alguma pessoa; Faz desenhos agressivos, que mostram situações de medo
ou cenas envolvendo questões sexuais; Passou a ter alterações de sono, fica
cansada fora de hora ou tem dificuldade para dormir; Passou a ter transtornos
alimentares ou mentais como depressão, ansiedade e automutilação.
Em
meio à pandemia alguns indícios podem ser mais comuns, como: Barulho de objetos
quebrando, choros ou gritos, independentemente da frequência (podem ser
pontuais ou recorrentes); Mudança drástica de comportamento, por exemplo, uma
criança mais agitada e comunicativa passa a ficar quieta e retraída ou vice e
versa; Silêncio em casas que sempre foram agitadas também pode ser um sinal de
que algo não vai bem.
Saiba
como denunciar casos de violência sexual contra crianças e adolescentes.
Segundo Vivianni Acosta, é importante que as pessoas denunciem a violência
sexual para interromper a violação, proteger as crianças e os adolescentes e
garantir uma plena assistência médica e psicológica. “O registro das denúncias
deve ser feito aos órgãos oficiais, mantendo o sigilo ao denunciante a fim de
resguardar a criança e o adolescente para que seja apurado e feito o
encaminhamento necessário”.
Confira
onde realizar a denúncia e o fluxo após a notificação: Disque 100, Conselho
Tutelar, Delegacia, Ministério Público e Poder Judiciário.
Dia
Nacional de Combate - A data é alusiva ao crime ocorrido em 18 de maio de 1973,
conhecido como Caso Araceli, na cidade de Vitória (ES). A menina Araceli
Cabrera Sánchez Crespo, de oito anos, foi sequestrada, drogada, espancada,
estuprada e morta por membros de tradicionais e influentes famílias do Espírito
Santo. A partir de 2000, por meio da Lei 9.970, o 18 de maio foi instituído
como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes.
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Lourdes
Acosta – Jornalista Profissional (editora/redatora/produtora)
DRT/MTE
911 MA. // Macaé 14/05/2021. E-mail: acosta.lou@gmail.com
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